O atraso no pagamento do 13º salário de jornalistas e radialistas dos Diários Associados foi alvo de manifestação dos sindicatos das categorias, na manhã desta quarta-feira (03/12), em frente à sede da empresa no Rio, em São Cristóvão. Além de não depositar o dinheiro, previsto em lei, a empresa se recusa a conversar com as entidades que representam os trabalhadores. Esse é o segundo protesto realizado por lá essa semana. No início da noite desta terça-feira (02/12), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio projetou mensagens que cobravam o cumprimento de direitos (veja as fotos aqui).
A empresa ainda não se manifestou sobre a razão de ainda não ter depositado o 13º salário dos funcionários. O prazo para o pagamento da primeira parcela expirou no último dia 30. A segunda parte do 13º tem que ser paga até o próximo dia 20. A CLT prevê multa para a empresa que desrespeitar os prazos de pagamento.
“A empresa se recusou até a receber o sindicato para explicar o porquê de mais um atraso de pagamento. Resolvemos, então, falar aqui da porta para cobrar mais respeito com os profissionais que são o coração e a fonte de lucros da empresa”, afirmou a secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, Claudia de Abreu.
Os sindicatos prometem intensificar as mobilização na porta da empresa caso o dinheiro não seja depositado até sexta-feira (05/12), de acordo com Francisco Galdino, diretor de fiscalização e mercado de trabalho do Sindicato dos Radialistas do Estado do Rio de Janeiro. Ele lembra que, também por atraso de salários, trabalhadores tiraram do ar emissoras de rádio do Sistema Sul-Fluminense de Comunicação, em Barra Mansa e em Volta Redonda, no mês passado.
“Se o pagamento não sair até o dia 5, estaremos de volta para novos manifestos. E vai ser bem maior. Hoje foi apenas um ensaio. Nós, jornalistas e radialistas, estamos atentos e unidos”, disse.
O atraso no 13º salário é o mais recente problema de uma longa lista de irregularidades trabalhistas cometidas pelos Diários Associados no Rio. Alvo de uma fiscalização do Ministério do Trabalho em meados deste ano, solicitada pelo Sindicato, por conta das condições insalubres enfrentadas por jornalistas na nova sede, a empresa também já foi acionada diversas vezes por atrasos de pagamento de salários e de horas extras.
O Ministério do Trabalho ainda não concluiu a fiscalização, que encontrou um cenário desolador na redação do Jornal do Commercio: nuvem de poeira, barulho, cheiro de tinta, fios elétricos soltos, banheiros precários que expõem as mulheres. Jornalistas são obrigados a usar máscara para trabalhar.
Os problemas não param por aí. Jornalistas e radialistas da Rádio Tupi denunciam que há acúmulo de função sem a remuneração adequada e discrepâncias salariais entre profissionais que desempenham o mesmo trabalho, mas em editorias diferentes. Os funcionários relatam ainda uma rotina de assédio moral na rádio: “muitos gritam com seus comandados na frente de outras pessoas para executarem funções, constrangendo o trabalhador”, relata um funcionário, sob anonimato. A segurança dos trabalhadores também está em risco, com os coletes a prova de bala vencidos.
Práticas antissindicais têm sido a resposta da empresa às entidades de classe, via de regra. Além de impedir o acesso de sindicalistas às redações, os Diários Associados ignoram ou negam pedidos de reunião para a resolução de problemas.
“Os problemas na Tupi e no Jornal do Commercio não são exceção no atual cenário. Temos processos de fiscalização e de mesas redondas envolvendo diversas empresas por violação dos direitos dos jornalistas. A nossa categoria precisa se organizar em um movimento para, independentemente de onde estejamos empregados, agir de forma solidária e cobrar em uníssono um basta nessa progressiva precarização dos nossos salários e nossas condições de trabalho”, afirma Paula Máiran, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
Fonte: Sindicato dos Jornalista Rio de Janeiro
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