segunda-feira, 6 de abril de 2015

Projeto de lei na Câmara dos Deputados quer instituir a terceirização do trabalho em todos os níveis

A classe trabalhadora de todo país vive um momento de incerteza e muita preocupação. O motivo é o projeto de lei nº 4330/2004 que voltou a tramitar na Câmara dos Deputados, em Brasília, e que muda as regras para a terceirização de mão de obra no Brasil. A proposta é de autoria do empresário e ex-deputado Sandro Mabel (aquele mesmo, dono das rosquinhas Mabel). O tema é polêmico e trava há alguns anos uma batalha entre trabalhadores e empresários.

Entre os últimos atos, está a volta da discussão do PL 4330 garantida pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). A proposta foi votada pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa Legislativa e provocou um grande alvoroço na capital federal com centenas e caravanas organizadas pelas centrais sindicais.

Para o relator do projeto afirmou que o texto será votado no próximo dia 7 (terça-feira) e considera que houve pequenos avanços, a partir da reunião, no que se refere à inclusão do direito de representação sindical, à restrição da quarteirização e no item sobre responsabilidade solidária em empresas subsidiárias.

Os trabalhadores afirmam, portanto, que não houve avanços na redação apresentada, já que os pontos citados pelo relator passam a ser secundários diante da essência do projeto, que é a questão da atividade-fim.

Para os sindicalistas, “o PL 4330 votado como está, sem a proibição da terceirização na atividade-fim, a precarização nas relações de trabalho será indiscriminada no Brasil, prejudicando milhões de trabalhadores e trabalhadoras e abrindo caminho para que outros tantos sejam prejudicados”.

A atividade-fim é aquela que identifica a área de atuação de uma empresa, a finalidade principal do negócio. Por exemplo: em uma empresa transportadora, todos os motoristas deveriam ser registrados pela CLT e não terceirizados; em uma construtora, engenheiros, mestres de obras, pedreiros e outros profissionais envolvidos no processo, também não poderiam ser terceirizados; assim como em uma fábrica de roupas, onde as principais profissionais são as costureiras, que exercem funções relativas à atividade-fim da empresa.

A finalidade da terceirização é aumentar os lucros das empresas, que já são altíssimos, à custa da retirada de direitos dos trabalhadores, e isso é muito grave.

O texto do PL ainda diz que o sindicato que irá representar o trabalhador é o da empresa tomadora do serviço – no caso – a empresa que foi contratada para o serviço, e muitas vezes são várias. Isso significa que na empresa que contratou os serviços não haverá representação sindical, pois, se não há empregados, não há representação sindical.


O tema polêmico carece também de muita reflexão. A classe trabalhadora está próxima da maior ameaça às suas conquistas, hoje, elencadas na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. A luta contra o PL de Mabel unificou as centrais sindicais. Juízes do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho também já manifestaram parecer contrário ao projeto.

Willian Chaves