A prefeita de Campos, Rosinha Garotinho (PMDB), recebeu ontem o apoio de cerca de 10 mil pessoas que se acotovelaram entre a Avenida Beira- Rio e a Rua Saturnino Braga, num ato público, clamando por Justiça, para lhe prestar solidariedade contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), que decidiu cassar o seu mandato na sessão do último dia 27 de maio.
A prefeita identificou que há no Rio um “pacote de perseguições” que visa atingir não apenas a ela, mas também o mandato de sua filha, a vereadora Clarissa Garotinho (PMDB), mas que tem como principal alvo o ex-governador Anthony Garotinho (PR). “Eu não vim para Campos pelo cargo, mas para cumprir uma missão, de reconstruir a cidade depois de oito anos de coisas erradas que vinham fazendo. Desapareceram com R$ 9 bilhões dos royalties e obras não foram feitas. A cidade estava destruída. Eu vim pedir um voto de confiança da população, fui eleita e busquei reconstruir a cidade, com obras para a população, tirando a prefeitura da inadimplência… E agora querem me cassar por causa de uma entrevista que dei, quando anunciei ter aceitado o desafio de ser candidata, numa época quando o processo eleitoral sequer tinha começado. Não sei quais motivações estão levando o TRE cometer esse erro conosco. Mas tenho informações de que há um “acórdão”, um pacote de perseguições, que inclui também o mandato da Clarissa, mas tem Garotinho como alvo principal”, interpreta a prefeita.
Rosinha fez questão de ressalvar que não há ações contra ela e Garotinho por corrupção ou desvio de dinheiro na Justiça. “Vocês não têm do que se envergonhar da família Garotinho. Não estamos respondendo por abuso de poder econômico, por corrupção ou desvio de dinheiro, como aconteceu nesta cidade há alguns anos atrás. Estou sendo acusada, a ponto de perder o mandato que o povo de Campos me confiou, porque dei uma entrevista num programa de rádio, em 2008, que era apresentado pelo Garotinho, que é radialista e não era candidato a nada. Posso dizer a vocês que haja o que houver, posso andar de cabeça erguida”, completa.
A prefeita mencionou as aparições do presidente Lula com a pré-candidata Dilma Rousseff e ainda as incursões do governador Sérgio Cabral. “O presidente Lula pede votos no palanque, mas Lula não perde o mandato nem a Dilma ficou inelegível. Da mesma forma que os jornais noticiam que o Sérgio Cabral tem pedido votos por onde aparece em todo o Estado. E não há nada contra ele”, compara.
A prefeita enumerou conjunto de obras que tem realizado como as 5.100 casas, a reforma da estação rodoviária Roberto Silveira, as obras no Canal Campos Macaé, que apontou como o novo cartão postal da cidade, o Cepop, os programas sociais como o Campos Cidadão (passagem a R$ 1,00), o Cheque Cidadão, os seis programas Bairro Legal, recuperação de ruas na cidade e no interior, de escolas, postos de saúde, a construção de creches e pontes.
A manifestação foi reforçada no palanque pela presença de representantes de entidades de classe como os presidentes do Sindicato dos Ceramistas de Campos, Amaro da Conceição; da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio (Coagro), Frederico Paes; e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Paulo Honorato, além de representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas, Sirléa Pita, e Fátima Vasconcelos.
No lado de fora, o apoio incluiu um mosaico de tendências e representações como associações de moradores, cooperativas de costureiras, denominações religiosas e entidades carnavalescas. As frases expressões mais utilizadas nas faixas eram “Covardia”, “Campos merece respeito” e “Perseguição”. Antes do pronunciamento da prefeita, várias pessoas se deram as mãos para ouvir a execução do Hino Nacional Brasileiro.
Do lado de fora do palanque, populares comentavam o momento vivido pela cidade. “Eu acho um absurdo isso, pelo amor de Deus, né. A Rosinha só deu uma entrevista e o povo vai ficar sem ela, sem as obras. Ela está melhorando minha rua, tem o Cheque Cidadão, tem a passagem a R$ 1,00, as casas que ela está procurando construir para o povo”, disse a doméstica Maria José de Souza, de 68 anos, do Parque Eldorado.
Ex-membro do Partido Comunista do Brasil, o presidente da Associação dos Aposentados de Campos (Ascapen), Décio Gomes, disse lamentar a situação política de Campos e do Estado. “É lamentável, mas essa manobra tem como alvo o Garotinho, que ele (o governador) quer tirar de qualquer maneira do páreo, porque sabe que é o único adversário capaz de virar o jogo e encer as eleições”, analisou.
Ontem, entidades da sociedade civil como a Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Fundação Rural de Campos, hospitais filantrópicos, faculdades e universidades, entre outras, assinaram um manifesto de apoio à prefeita, que foi publicado nos principais jornais da cidade.
A pena que o TRE-RJ aplicou contra Rosinha se deve a uma denúncia apresentada pelo deputado federal Arnaldo Vianna (PDT) por conta de uma entrevista da prefeita em junho de 2008. A decisão foi desfavorável à prefeita por 4 votos a 3. Os advogados de Rosinha recorreram no próprio TRE-RJ, através de um embargo de declaração, que deverá ser julgado ainda na sessão de hoje. Caso o recurso não seja aceito, a saída será impetrar uma medida cautelar junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No julgamento no TRE-RJ, dia 27, enquanto o único advogado de Alexandre Mocaiber (Antônio Maurício Costa) sequer foi notificado da antecipação da sessão de julgamento, na véspera, em Campos, na Câmara Municipal, pessoas ligadas ao grupo de Arnaldo já anunciavam a decisão do veredito: Rosinha seria derrotada por 4 x 3. Se prevalecer a especulação do dia do julgamento feita no dia 27, o resultado será mantido, e Rosinha terá mesmo que recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília.
Copm informações do Jornal Diário de Campos dos Goytacazes
Nenhum comentário:
Postar um comentário