quinta-feira, 7 de maio de 2009

ESPECIALISTA DIZ QUE RIO TEM POTENCIAL PARA PRODUZIR ENERGIA EÓLICA

A Câmara Setorial de Infraestrutura e Energia do Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio recebeu, nesta quarta-feira (06/05), o diretor do Laboratório de Energia dos Ventos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Geraldo Tavares, que afirmou que as regiões Norte e das Baixadas Litorâneas fluminenses têm grande potencial para produzir energia eólica. "Tenho estudos que possibilitam afirmar que teremos sucesso na implantação de geradores de energia eólica em Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, algumas partes de Cabo Frio e nas praias de São Francisco do Itabapoana, que ainda não foram tomadas pela especulação imobiliária", afirmou Tavares, dizendo que o Brasil poderá ser um grande produtor deste tipo de energia. "No Nordeste do País, os ventos são ainda mais constantes, o que provoca uma redução de custos, já que as máquinas teriam que ser menos robustas. Em outros países, as máquinas são mais sofisticadas para aguentar os fortes ventos", explicou.

O professor elogiou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), pois despertou nos empresários a esperança de a exploração dos ventos poder ser um grande negócio. Porém, segundo Tavares, o mercado ainda encontra-se conservador. "Ninguém quer investir em uma coisa nova, que não tem uma garantia concreta de futuro, além do que eles ficam presos ao Governo, que é quem decide qual tipo de energia vai utilizar a partir do marco regulatório", argumentou. Para ele, apesar de os custos para a produção de energia eólica já terem baixado em todo o mundo, ainda faltam investimentos da União no Brasil, pois é o Governo federal que deve distribuir e localizar os recursos para tal fim. "Poderíamos adaptar a política alemã, onde o Governo compra a energia por 20 anos e a tarifa paga os empréstimos em cinco anos, para o Brasil. No nosso País, isso poderia acontecer em oito anos, ao invés de cinco. E, após este tempo de adaptação, a tarifa se reduz para o valor médio de mercado e os subsídios, com isso, acabam", explicou.

Segundo o estudioso, outra questão que impede o interesse da população na exploração dos ventos é a cultural. "A energia eólica é recente, tem apenas 20 anos de estudo, não foi totalmente experimentada e, por isso, não temos ideia de seu potencial. Se a energia hidráulica hoje é eficaz é porque ela já é explorada há mais de 100 anos. Mas, em regiões como a Amazônia, por exemplo, quando há secas e os rios não conseguem mais mover as usinas, falta energia. Com a fonte alternativa não teríamos mais este problema", avaliou Tavares. O professor também desmistificou questões de cunho ambiental que envolvem a exploração deste tipo de energia. De acordo com suas análises, ao contrário do que alguns ambientalistas pregam, os pássaros se habituariam às turbinas das usinas eólicas e não chegariam perto delas. Além disso, o barulho que elas provocam também poderia ser controlado.

Participaram da palestra o coordenador do Núcleo de Energia alternativa da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Valdo Marques; o professor de Geologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Egberto Pereira, e Ronaldo Goytacaz, integrante do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

Fernanda Pedrosa

Comunicação Social da Alerj

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